Disseste que ardias, de desejo.
Que as chamas te consumiam...
(Como hoje me lembro!)
Soltás-te o sexo, meu, e fizeste-o teu, nosso.
Subimos ao azul infinito, do céu, e pairámos.
Descemos ao azul infinito, do mar, e ficámos…
És a sacarina... no meu café da manhã.
(Adoças-me o despertar.)
És a canela... na sobremesa do meu almoço.
(Despertas-me o erotismo.)
És a fruta... no aroma do vinho que saboreio à ceia.
(Tiras-me de mim.)
És a saudade... em que me enrolo e adormeço.
Um afecto de ausências e silêncios…
Um Gigolo, uma Prostituta?
Comensurar… não!
Sejamos benévolos, líricos.
O céu estava azul.
Teimosamente, ao longe, uma nuvem manchava o momento.
A esta, outra surgiu, arrastando com ela outra e mais outra.
O céu, que era azul, ficou cinzento, ameaçador e a tempestade tombou, inevitável, por sobre a cidade.
Por entre labirínticas ruínas de afectos, arrastou cadáveres de sonhos, ossadas de desejos, escolhos de vida.
No turbilhão, jazia, solitária, uma paixão azul de um sentimento.