Caminho pela areia rendido à estranha violência de uma água que teima em me trucidar a carne.
Vislumbro conchas disformes pelos humores de ondas sádicas...
pedaços de madeira de barcos torturados...
cordas desfiadas que não suportaram um enforcamento...
cadáveres putrefactos de gaivotas que sucumbiram ao tédio.
Ensaio a pose com que te vou reencontrar.
As palavras. O tom da voz.
Procuro o perfume do primeiro encontro.
A mesma camisa sobre a descontraída ganga que beijava ao de leve os “mocassins” azuis-escuros.
As estrelas do céu, que partilharam o nosso olhar, o nosso encontro de mãos, o nosso beijo... lá estarão.
Pouco falta para tão esperado momento. Eu, ansioso...
Na ausência presente de um tempo passado,
reavivo passados presentes de corpos ausentes.
Begónias, Camélias, Rosas... Flores.
Essências únicas, de “Grasse”…
O ranger da apodrecida chapa de ferro suspensa no carcomido poste da beira de estrada despertou-me do repetitivo e letárgico enamoramento partilhado com a máquina. Pedalava por sobre nuvens, mares, jardins e desertos, abstraído por completo da realidade envolvente.
O ranger da apodrecida chapa de ferro, suspensa no carcomido poste da beira de estrada, arrastou-me para um cenário (i)real de “cowboys” e poeiras, cavalos e diligências! O xerife, com parecenças de Clint Eastwood, empunhava o revólver direccionado a um fora de lei à muito procurado (e da porta do “Saloon”, o taciturno cangalheiro lançava um olhar, de soslaio, na esperança de que os ruídos do piano e os gritos estridentes das “meretrizes” lhe soassem a finado).
O sol, ainda tórrido, já se despedia da pradaria...