Sei o que tu pensas...
embora sabendo, também, que tu sabes o que eu penso.
Na reciprocidade de tal pensamento, pensamos em repensar esta quase obsessão que partilhamos em realizar o pensamento que nos corrói.
Numa abordagem que ele queria discreta (mas incisiva) achou por bem trocar o habitual “Bom-Dia” por algo que os tornasse mais chegados, familiares, íntimos.
Como pouco ou nada sabia dela arriscou num meio-termo que a muito permite: “Olá Biscoito”!
Ela corou um pouco e retribuiu com os habituais cumprimentos.
O quadro repetiu-se no tempo até ao dia em que, saturado por não meter a mão na boleira (sic) lhe lançou o enfastiante e seco “bom-dia”.
Estranhando a atitude dele perdeu por momentos a timidez e perguntou-lhe:
- Não me chamas “Biscoito”, hoje?
Mirando-a de alto a baixo atirou-lhe de chofre:
Apetece-me escrever...
Defronte do impessoal teclado primo a letra A.
Talvez procure o amor.
Olho o M, misterioso. Toco o O e revejo um olhar.
Um traço surge, abrupto!
AMO-TE... é o que me apetece tão só escrever.
As mãos percorriam-lhe o seu corpo nu.
Acariciavam suavemente a pele macia onde uma penugem provocante e sensual despertava fruto da excitação acumulada.
Os mamilos, também eles erectos pelos movimentos meigos, circulares, constantes, apontavam para um horizonte de prazer habitado por orgasmos de infinito.
Deixou, após muito gozo, que ele ejaculasse sobre si uma torrente de sensações há muito retardadas arrastando no turbilhão a mais pura espuma cremosa de um “Arran Aromatics”.
Falaste-me de saudades:
...
Mas terão os nossos beijos o mesmo sabor?
Continuarás fiel ao perfume que me cativou?
Será o mar, ainda, o teu secreto confidente?
Sinto-me inseguro!
Recordo o calor da tua língua, a tua saliva, o aroma do teu corpo, os meus ciúmes pelo oceano imenso…
Eu também tenho saudades, mas...