Sonha com um sonho há muito sonhado.
Sonha-o como um sonho que se sonha...
e que talvez nunca encarne.
Mas sonha!
(Porque sonhar... é isso mesmo.)
As mamas, trabalhadas como Miguel Ângelo trabalhou o mais fino mármore de Carrara, transbordam volúptia, sensualidade.
- Foram-lhe “oferecidas” por um namorado fanático das grandezas!
O rabo, digno da sensibilidade de Cargaleiro, convida ao toque, à apalpação.
- Foi “patrocinado” pelo seu amante, apreciador das “bundas” de Vera Cruz!
O rosto… bem, o rosto é uma intersecção das pinceladas de Da Vinci, das excentricidades de Dali ou dos devaneios de Picasso.
- Resultou de ocasional capricho proporcionado por mero deslumbramento pedântico de um industrial da construção civil!
Ele, o mais íntegro (?) de todos, seu marido, espera…
Os olhos, fixos nos olhos que se esbatiam no espelho mostravam-se alheios ao ziguezaguear da fria lâmina que ia escanhoando a pele.
Nas faces, cobertas de uma espuma que lembrava neve, imaginou-se a deslizar, encosta abaixo, rumo a um fim de dia (mais um) repetitivo e monocromático.
Por momentos, imaginou que poderia surgir uma nova cor!
Mas… porque haveria de surgir uma nova cor? Que tonalidade lhe daria o prazer que procurava (se é que procurava)?
Uma gota de sangue, vermelha, viva, brotou da sua face como que acordando-o para a realidade.
É o dia da morte!
Os “zombies” celebram sobre um frio naco de terra vidas defuntas encarnadas em pindéricos “bouquets” incolores de sentido.
As lágrimas, forçadas, insossas, fétidas, jorram de “máximas cloacas” profundas, longas, cor de breu… cumprindo o ritual.
…
São os vivos, mortos, a representar sem tino na cínica tina da vida.