Acordou em sobressalto... estremunhado, mal disposto, irritado. O atraso, por culpa do valioso “Ulisse Nardyn” que sucumbiu à ausência da corda podia ser fatal para a reunião que por certo lhe traria muitas mais-valias.
Espuma, “gilete”, duche, gel, champoo, toalha, desodorizante...
Sobre a camisa (que jogava, por mero acaso, com a gravata “Versace” que tinha à mão) vestiu um clássico “Armani” e encaixou nos pés uns genuínos “Prada”.
Sentou-se ao volante do “Jaguar” incomodado apenas por um estranho ardor que lhe surgia nos “sovacos”!
Já na reunião a estranha sensação virou uma selvagem e galopante irritação da epiderme: a concentração abandonou-o, o tino fugiu-lhe e a postura foi-lhe mortal para marcar a posição que tanto ambicionava.
O Inverno, ziguezagueando por entre contratempos parece querer mitigar saudades de um espaço que é seu: cinzento, violento, branco, frio, negro, molhado, romântico.
E, ao chegar...
...deitar-se ao de leve sobre as pinceladas douradas que o sol deixou no teu corpo.
Aconchegou-o na palma da sua mão e conduziu-o pelos trilhos mais secretos do seu corpo.
Visitou os seus pés, perfeitos, as suas pernas, longas, sedosas, delicadas.
O recortado vale, intimista, inspirou-lhe momentos de puro deleite imaginando-o salpicado por gotas de orgasmo.
As rosadas montanhas, proporcionalmente fartas, foram carrossel escorregadio para um rosto suave, de contornos, que tardava.
Ele, estranhamente, nunca quis uma fotografia dela!
A fotografia é o prazer de um momento...
e num outro qualquer momento pode não existir o prazer de rever essa fotografia (dizia).
Apesar de tudo, fotografou na memória a imagem do seu rosto, do seu corpo...
e é esse instantâneo que vale pelas mil palavras trocadas na despedida (?).