A paixão a tudo ia resistindo (ou a quase tudo)!
Arrufos de ciumeira, beiças pelas longas tardes de consumismo que ele passava a “bordo” das naus do “Colombo” ou do “Vasco da Gama”, as palavras domingueiras da pérfida língua da sogra ou o cheiro do “Floid” que lhe lembrava o repelente de insectos que usou há muito na desbunda finalista de Lloreto del Mar. Mas a falta de visão dele foi fatal para o necessário equilíbrio da relação:
- Tolero-lhe tudo, tudo, menos a sua constante falta de pontaria no alvo!
Terminaram, ao fim de vinte anos de vida em comum, com um afecto que se arrastava já desde a Creche Infantil… onde timidamente trocaram as primeiras colheradas de “Nestun” e chuparam, mutuamente, os dedos besuntados de “Blédine”.
Tudo por causa de umas pingas douradas no branco “caixilho” da sanita!
Ela, após as justificações do patrão sobre a redução dos "mimos" dourados com que era brindada, fotocopiou os seus dois fartos seios, a arrebitada bunda… e a causa suprema do esbanjamento do dito!
Elaborou um dossier e colocou-o na secretária dele, após "escrevinhar" um breve post-it:
- “Para se ir lembrando dos bons momentos... até rever a sua política de gastos!”
Quero-te!
Não sei como, nem sei quando.
Mas quero-te.
...
E tendo-te...
...quero reviver, intemporalmente, o "sabor" desse como e desse quando!
Apetecia-lhe escrever o amor.
Mas... só escreve o amor quem ama!
Apetecia-lhe escrever a vida.
Mas... só escreve a vida quem vive!
Apetecia-lhe tão só escrever.
Mas... só escreve o amor e a vida quem ama e quem vive.